De acordo com a jornalista Carolina Montenegro, do Folha.com, o número de pessoas que ainda vivem em acampamentos provisórios no Haiti, é equivalente a meio milhão de pessoas. Convidada pelo Ministério da Defesa, Carolina viajou a Porto Príncipe e registrou as dificuldades que ainda assolam o Haiti.
Em janeiro do ano passado o país foi devastado por um terremoto, que fez 1,5 milhão de pessoas deixar suas casas. Apesar da queda no número de desabrigados, 550.560 pessoas, segundo a Organização Internacional para a Migração (OIM), o número estagnou-se.
Um dos campos Jean Marie Vicent,em Porto Príncipe, no bairro de Delmas, demonstra a condição precária que vivem 50mil deslocados. Sem esgoto, água encanada ou iluminação pública e crianças brincando em meio ao lixo, enquanto porcos remexem os dejetos.
Embora a área seja patrulhada 24 horas por dia pela Minustah (a missão da ONU no Haiti), roubos, casos de violência doméstica e abusos são frequentes.
“A vida piorou muito depois que viemos para cá. Antes, eu vendia roupas. Aqui ninguém tem dinheiro para comprar nada. Queremos ir embora”, diz Jocelyn Jean, 53.
Como os custos para construção são muito altos. Por toda a capital, há barracas de plástico improvisadas. Os dois principais motivos: falta dinheiro e falta terra. “A pequena redução de deslocados reflete o grande desafio que é reinstalar as pessoas no país”, diz o chefe da IOM no Haiti, Luxa Dall’Oglio.
Desde a independência da França, em1804, aconstante instabilidade política criou brechas para a irregularidade.
Outro grande empecilho à reconstrução do país é a qualidade do solo. “O solo aqui é muito pobre. Quebramos e peneiramos pedras de brita porque não há areia”, explica o tenente Diego Rodrigues Toledo, da companhia de engenharia do contingente brasileiro da Minustah.
Perto dali, uma equipe pavimenta uma rua onde será construído um hospital, parceria entre o Ministério da Saúde do Brasil e o governo de Cuba. “Esse solo daqui não seria permitido em estradas no Brasil. Vamos ter que fazer um reforço de cascalho e cimento para a via ficar mais resistente”, diz Toledo.
Fonte: Folha.com
